terça-feira, 30 de junho de 2009

POLÍTICA PARTIDÁRIA E EDUCAÇÃO

Por Aluízio Pimenta
*Professor e Membro da Academia Mineira de Letras.

Creio que, todos nós brasileiros, e um grande número de educadores de outros países, estamos conscientes que o Brasil passa nos últimos anos por um grave problema em nosso sistema de educação, em todos os seus níveis. Preocupou-me muito o noticiário da imprensa que a Bahia estaria aceitando que os dirigentes das escolas fossem indicados diretamente por políticos.
O Presidente Luís Inácio Lula da Silva, teria manifestado “em reunião em Brasília, perante grande número de professores, reitores, pedagogos e ex-secretários de educação”. No sentido de que o Brasil possui o pior sistema de educação no mundo, sendo “publicado pelo jornal Hoje em Dia, do dia 16 de março”, afirma: País está entre “piores do mundo em educação”.
Não desejo discuti-la neste artigo. Estou preparando uma análise e comentários relativos à afirmação de sua excelência para um próximo artigo. Faço esta introdução para relembrar estas afirmações para comentar o amplo noticiário da imprensa brasileira que no Estado da Bahia, ao qual dedico um carinho e respeito muito especial me perturbou emocionalmente. Sempre mantive amplo contato como professor da UFMG, participando em muitas Bancas Examinadoras de Química especialmente nas décadas dos 50, matéria que eu era professor catedrático em nossa UFMG. Mais tarde, eleito reitor da UFMG, em 1964, mantive estreito relacionamento com o reitor Miguel Calmon e dirigentes da universidade Federal da Bahia. Nos difíceis momentos do golpe civil militar e implantação da ditadura, resultantes do golpe de estado, estivemos juntos para defender nossas universidades. Procuramos estabelecer barreiras contra perseguição a professores, alunos e funcionários de nossas universidades, criando inclusive o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, o CRUB, para proteger nossas instituições contra ações do Ministro da Educação, Suplici de Lacerda.
Ao retornarmos ao Brasil, nomeado Ministro da Cultura, estive muito presente na Bahia, berço da cultura de nossa pátria, Estado criador do Brasil. Desejo mostrar ao leitor a intimidade de meus contatos com este belo e culto Estado da Federação para mencionar o choque que se apoderou de mim ao tomar conhecimento, pela publicação, em toda a imprensa nacional de que os partidos políticos vão indicar os diretores das escolas da Bahia.
È difícil acreditar que este fato tão estranho para todo o Brasil, especialmente para mim que participei e participo das questões da educação em nível de meu Estado, Minas Gerais, do Brasil e por quase duas décadas (imposto pelo golpe militar), em instituições internacionais. Insisto relatar que me surpreendeu tomar conhecimento de fato tão absurdo vindo exatamente da Bahia e de um governo do PT.
A qualidade do ensino no Brasil, passa por um momento de extrema distorção qualitativa. Não importa a desculpa do secretário de educação de que estas indicações políticas são provisórias e serão modificadas quando se organizar as eleições dos dirigentes das escolas, diretamente pela comunidade.
Nesta deliberação aparece um erro inaceitável. A eleição de diretores e diretoras deve passar por uma avaliação dos candidatos para identificar suas competências gerenciais, no setor acadêmico e ademais, consultar os futuros candidatos e candidatas se eles, aceitarão os cargos se eleitos pela comunidade. Fato mais grave criado com a aceitação da interferência dos políticos e seus partidos na indicação de dirigentes escolares é que a interferência política é o responsável pelo baixo nível da educação brasileira em todos seus níveis. Estou realmente perplexo, para não dizer o pior. A terra de Anísio Teixeira um dos maiores educadores da América Latina que deixou por escrito, “EDUCAÇÃO NÃO É MATÉRIA DE LUCRO E NEM DE INTERFERENCIA POLÍTICA”.

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